quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vitrine - A Arte em Vidro


Através de delicados movimentos manuais e do sopro é possível fazer peças tão elegantemente
usadas nos mais diversos interiores. As peças Di Murano, baseadas em uma tradicional técnica
artesanal italiana, são conhecidas pelas cores e pelo design exclusivo, além de valorizar o ambiente e com possibilidade de ser utilizadas em qualquer espaço. Por se tratar de uma técnica artesanal, os trabalhos finalizados se tornam exclusivos e acabam se transformando em verdadeiras obras de arte. O estilo clássico das peças se adaptam em qualquer estilo de decoração e nos mais diversos tipos de espaço. A técnica Di Murano nasceu ainda no século XV,
quando autordades de Veneza confinaram vidreiros na Ilha de Murano, com receio de que o segredo da composição do vidro e da técnica de fabricação pudesse ser espalhada pelo mundo. Outro medo era de que o manuseio do fogo gerado por fornos rudimentares pudesse incediar a cidade. A expressão “Di Murano” nasceu a partir do momento em que os vidreiros da ilha iam distribuindo seus produtos pelo resto do mundo. Para a fundição, são utilizados a areia de quartzo e mais oito componentes, misturados sob um calor de mais de 1.400 ºC. Dessa composição, resulta uma massa viscosa de cristal transparente utilizado nas peças. O próximo passo é extrair a massa através do instrumento denominado cana de assopro. A partir de então,
o artesão passa a manipular a peça (isso sob um calor de 1.250 ºC). O processo demora entre 20 e 40 minutos. Depois disso, o produto é burilado – são mais quatro horas de trabalho. A concepção artesanal da arte em vidro era algo limitado apenas a algumas famílias tradicionais. A técnica secreta era transmitida através de gerações. Ainda hoje é possível encontrar descendentes de pioneiros exilados na ilha de Murano para que não possa espalhar o segredo. Desde os primórdios, a própria forma do sopro que permite desenhar as peças foi
aperfeiçoada, tornando os vasos cada vez mais belos. Provavalmente a perfeição foi resultado de uma própria disputa entre as casas produtoras. A criatividade e o aperfeiçoamento que torna o principiante um grande mestre. No Brasil a técnica chegou ao nosso país na década de 1950
através do trabalho dos irmãos mestres-vidreiros Antonio Carlos e Paulo Molinari. Na época, tinham apenas 11 e 8 anos de idade, respectivamente. Aprenderam a técnica Di Murano com outro mestre-vidreiro, o italiano Aldo Bonora. As peças foram desenvolvidas inicialmente na fábrica Cristais São Marcos, fundada em 1962 na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais. A empresa é a maior na fabricação de vidros artesanais da América Latina. Antonio Carlos e Paulo Molinari são netos de imigrantes italianos, que habitavam a região desde o século XIX, com a expansão da cultura cafeeira. O primeiro negócio de família tratava-se de uma fábrica de vinhos e aguardentes fundada pelo pai, Antonio Molinari. O contato inicial com a técnica do vidro ocorreu após a vinda de Aldo Bonora, natural de Murano, que decidiu se fixar na região juntamente com sua mulher, Maria. Bonora também montou uma fábrica para produzir suas peças que aprendeu na Itália. Até hoje os irmãos se dedicam na produção artesanal de peças de vidro Di Murano, através do selo Molinari Design, fabricados pela Cristais São Marcos.
Texto: Rodrigo Cunha
www.rodrigocunha.jor.br

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