terça-feira, 2 de março de 2010

Capa - Em busca de bons fluidos


A harmonização e equilíbrio através da Ikebana trazendo beleza e arte a decoração

Dizem os orientais que a harmonia pode ser adquirida através da ornamentação com flores utilizando uma técnica conhecida pelos japoneses há séculos: A Ikebana.

Ike significa dar vida e bana, quer dizer flor. Significando muito mais que um simples trabalho de ornamentação, é antes de tudo uma arte que visa o desenvolvimento de habilidades como, observação, concentração e sensibilidade, promovendo um maior equilíbrio físico e espiritual.

Aos que acham que a Ikebana é antes de tudo uma atividade intrinsecamente feminina, é interessante esclarecer que essa prática era muito utilizada pelos Samurais, antigos guerreiros japoneses. Ela ajudava a desenvolver diversas habilidades inclusive a destreza no manejo de armas.

Foi originada na Índia e disseminada no Japão se tornando parte da cultura de seu povo. Aos poucos foi perdendo seu caráter puramente religioso para se tornar uma arte em seu sentido literal. A partir daí surgiram grandes mestres, cada um adotando estilos diferenciados, mas todos de grande importância para a história do Japão, deixando um legado de beleza e criatividade.

Até o século XV muitos arranjos eram encontrados nos templos budistas. Eles recebiam o nome do “Rikka”, que significa flores eretas.
Tinham um aspecto rígido e volumoso. De caráter puramente religioso indicavam a fé dos adeptos a religião budista. Depois disso a técnica sofreu uma simplificação e tornou-se mais popular dando origem ao que é conhecido hoje como “Seiva”.

No Brasil existem muitas escolas que ensinam a arte, porém, com estilos diferentes. Os adeptos brasileiros da arte de arranjo floral resgataram o caráter espiritual de sua prática e procuram através dela uma harmonização com a natureza.

O estilo mais difundido no Brasil é o Kado sanguetsu, que significa “caminho da flor”. Esse caminho se relaciona com o princípio do três, representado pelo triângulo formado por galhos secos ou flores solitárias. O mais alto dos galhos aponta em direção ao futuro representando o Sol, astro que gera a vida, o maior de todos, o futuro, o pai. O galho seco e de tamanho médio representa a Lua, a mãe, o tempo presente e o pequeno nos remete ao passado, a terra, aos filhos.

De uma forma ou de outra, nunca é simples lidar com uma ferramenta tão delicada quanto a flor e de uma forma tão abstrata. Ao mesmo tempo é também muito simples, por que faz desabrochar nossa humanidade. Não podemos esquecer que somos parte da natureza, nos juntamos a nossa outra parte, vivificando e valorizando toda a beleza que existe em cada elemento do arranjo.
Texto: Eliza Souza
Fotografia: Divulgação

0 comentários:

Postar um comentário