quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mundo Sustentável - Declínio da Terra como material construtivo





A partir do século XIX, o material usado com uma grande frequência até então era a terra e seus agregados. Com a revolução industrial, movimentos modernistas, arquitetos e engenheiros deram uma guinada na história dos materiais da construção civil, abdicando do material mais tradicional na cultura mundial e proporcionando a era do cimento como o material mais usado e hoje o material dominante.

Afinal, por que nós estudiosos e conhecedores de materiais na elaboração de projetos arquitetônicos, renegamos e discriminamos algo que faz parte de 80% da história da nossa construção civil? Qual o preconceito na utilização da terra como material construtivo na arquitetura?
A terra, com o progresso e a modernização da arquitetura foi ignorada, esquecida e substituida pelo cimento, que atualmente sabemos que com toda as suas qualidades é um material caro e não renovável. Além de abundante emprega valores agregados, tais como transporte, que por via de regra tem um alto impacto ambiental no nosso ambiente natural.

Técnicas, tecnologias, tradições e costumes em um século passaram de realidade para algo primitivo, arcaico, rudimentar. Atualmente a sociedade determina que só lida com terra-crua quem não tem poder aquisitivo, pessoas que habitam em áreas rurais e quem não possui o conhecimento da tecnologia do cimento e seus agregados.
Definir esse preconceito é simples, a terra é para os menos favorecidos economicamente e o cimento e suas derivações são para os mais favorecidos economicamente. Terra para zonas rurais e o cimento para áreas urbanas. Esquecem que a arquitetura está além de materiais Arquitetura é a função, a forma.

Qual a condição da terra-crua não ser industrializada como ocorreu no século XIX com o cimento? Estudos e conhecimentos aplicados a terra-crua podem ter resultados excelentes para construções arquitetônicas. A terra não tem qualidades que o cimento possui, como sua grande resistência, mas com dosagens certas, que variam pela porcentagem da areia e da argila (material que acrescenta plasticidade a terra), pode ser aplicada em diferentes técnicas e em diferentes usos, na zona rural e mais especialmente na zona urbana.

A terra-crua pode ser a solução para muitos problemas ambientais que estão surgindo e que podem surgir. A materialidade com viés ecológico é de suma importância para a arquitetura contemporânea e o arquiteto tem o papel de minimizar os impactos ambientais gerados pelo próprio homem.
Texto: Leonardo Gazeto
Arquiteto
Fotografia: Divulgação

1 comentários:

siusi disse...

a-mei!!!!!!!!!! a-mei milhoes ,ai se eu pudesse com um cantinho assim. me encantei disso

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